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Marrakech –  o melhor ponto de partida em uma viagem ao Marrocos

Dias intensos de beleza e muita segurança

 

Um dia decidi que conheceria as maravilhas do Marrocos quando visitasse Portugal.

Demorou um pouco, pois apenas nesta minha quarta viagem a Europa decidi que exploraria Portugal, a fundo, o mais amplamente possível, em uma longa viagem, em que eu pudesse conhecer, de verdade, as maravilhas e gostosuras do país que nos colonizou um dia.

E assim o fiz. Quer dizer, estou fazendo, pois cheguei em terras lusitanas em 03/11/2018.

 

Planejamento em cima da hora

Uma vez aqui, chegara a hora, também, de conhecer o Marrocos. E foi assim que comprei minhas passagens do Porto para Marrakech, pela Ryanair, companhia aérea low cost, na intenção de aproveitar 4 noites em terras marroquinas.

Marrakech é a cidade mais rica da nação, do ponto de vista turístico, e, porta de entrada para inúmeras viagens internas no país.

Reservei minha acomodação pela Hotels.com, em hotel turístico, o Mogador Opera Hotel & Spa, em excelente localidade e de bom preço. O seguro viagem já estava contratado desde o Brasil, pois não viajo sem ele. (Vejam o post que fiz sobre seguro viagem)

Garantidas as principais condições da viagem (passagens aéreas, acomodação e seguro viagem), restava selecionar e contratar meus passeios.

Normalmente viajo sozinha, sem necessariamente contratar empresas para o meu transporte, ou passeios, com antecedência.

Entretanto, estando em um país árabe, pensei que eu não me sentiria segura o bastante para caminhar sozinha de uma cidade, ou atração, para outra.

Digo isso, do ponto de vista de uma mulher viajar, sem um homem ao lado, e, não por qualquer preocupação com relação à segurança pessoal. Os países árabes possuem leis severas, fato que faz reduzir a prática de contravenções ou crimes, incentivando, portanto, o turismo saudável.

Entretanto, culturalmente  falando, em países islâmicos a Sharia (consolidação de leis islâmicas) concede ao homem direitos e obrigações que colocam a mulher em segundo plano, ou até mesmo, em prejuízo de muitas liberdades. E como o Marrocos é, predominantemente, muçulmano, não custa observar as regras comportamentais do lugar, e evitar ser alvo de olhares ou assédios de homens menos educados, e procurar estar sozinha o mínimo possível.

No Egito, ano passado, passei dias incríveis e seguros, ao lado de meu filho e nora, e mediante roteiro e acompanhamento de um guia. Foi tudo perfeito, o que me permitiu entender que é possível, sim, fazer turismo em regiões árabes, inclusive sozinha, mediante respeito às suas crenças, comportamentos e costumes. Veja o post  que fiz sobre o Cairo.

Assim, busquei recomendações, consultei blogs e pessoas conhecidas com o objetivo de definir o que faria em 4 dias em Marrakech.

Em novembro, considera-se final de temporada e, felizmente, consegui contratar meus passeios com muita facilidade. Em tempos de alta temporada recomendo um planejamento com uma certa antecedência.

Recebidas recomendações, contratei, via whatsApp, o Noureddine Nidali, experiente guia de turismo marroquino, para fazer meu transfer aeroporto/hotel e o passeio do primeiro dia com destino às Montanhas Atlas e vilas berberes. Para o segundo dia, exploração da cidade de Marrakech, levou-me o guia Said Faouzi. E, no terceiro dia, comprei, pela internet, um tour pela plataforma de viagens Get Your Travel.

Com a programação do que fazer em todos dos dias, iniciei minha experiência em terras marroquinas.

1º Dia – 25.11.18 – Chegada às 21h30 em Marrakech

Ainda no aeroporto troquei a moeda. Comprei 1mil dirhans marroquinos .

O câmbio estava 1 euro = 10,40 MAD (dirhans marroquinos). Pelas consultas que havia feito na internet, estipulei 300 MAD, por dia, para comida, entradas em atrações, mercado, lembrancinhas…

A compra dos transfers e tours paguei em euros.

2º Dia – 26.11.18 – Atlas Mountain, Kik Plateau, Imin Tala Village, Anougal Valley, Town of Amizmiz.

Tour privado, de um dia, com guia especializado Noureddine Nidali, no valor de 120 euros.

Com o guia Noureddine Nidali, partimos cedo, de carro, em direção às Montanhas Atlas, a caminho de Kik Plateau, Imin Tala Village, Anougal Valley e cidade de Amizmiz.

A minha comunicação com Noureddinne foi em inglês. Noureddine é berbere, falante de 4 línguas (berbere, árabe, francês e inglês).

Os berberes são povos que vivem na região norte da África, Marrocos, Argélia, Mauritânia (áreas compostas pelo deserto do Saara). Falam a língua berbere de origem afro-asiática e são considerados os povos mais antigos do continente africano. A maioria dos berberes segue a religião muçulmana.

No passado, os berberes viviam de forma nômade com a economia baseada no comércio, principalmente de tecidos, alimentos, sal, artesanato e joias. Usavam muito o camelo como meio de transporte de mercadorias, e os oásis para descansar durante os longos percursos pelo deserto do Saara. Hoje, utilizam-se dos jumentos em seus trabalhos na agricultura.

As línguas oficiais no Marrocos são o árabe e o francês. Nas ruas, é normal ouvir o darijá, ou árabe marroquino, uma mistura de árabe com algumas palavras em francês e espanhol. Muitos cidadãos falam árabe, berbere e francês.

Cordilheira Atlas

Represa Lalla Takerkoust

Represa Lalla Takerkoust

Já da estrada era possível avistar a cordilheira Atlas e seus picos nevados.

A primeira visão da cadeia de montanhas mais importante de Africa é emocionante. Estávamos no outono e a cada curva as Atlas se aproximava de minha retina. Paisagens cinematográficas se descortinavam

A cordilheira do Atlas é uma cadeia de montanhas no noroeste da África que se estende por 2 400 km através de Marrocos, Argélia e Tunísia.

A montanha mais alta é o Jbel Toubkal, com 4 167 m, localizado no sul de Marrocos, sendo possível ver seu cume nevado da estrada em que estávamos. Deslumbrante! O Jbel Toubkal é a segunda maior montanha da Africa, sendo a mais alta o Kilimanjaro.

As montanhas do Atlas separam as terras costeiras do mar Mediterrâneo e do oceano Atlântico do deserto do Saara, sendo a sua população constituída principalmente por berberes, cujas vilas estavam em nosso destino.

O Marrocos possui um solo privilegiado, que permite a agricultura de variadas frutas, grãos, legumes e hortaliças, ao ponto de representar o principal recurso do país, sendo o turismo a sua segunda fonte de riqueza.

Enquanto nós brasileiros vemos pés de amoras, goiabas e acerolas nas calçadas de muitos bairros de São Paulo (em Santo Amaro é assim), em Marrakech são as mais belas laranjeiras que perfumam e fazem o paisagismo da cidade. O suco de laranja por lá é farto e suculento.

A luz dos dias em Marrakech é brilhantemente intensa, outro fator que atrai a vinda de cidadãos de todo  o mundo ao Marrocos, inclusive celebridades globais atuais e de antigamente.

Contam que Winston Churchill acreditava que “Marrakesh é simplesmente o lugar mais agradável da Terra para passar uma tarde”. Nada o impedia de ir para aquela bela cidade, nem mesmo a sua agenda de líder da Grã-Bretanha.

Uma de suas mais memoráveis tardes naquele lugar foi ao lado do presidente americano, Franklin D Roosevelt, convidado para visitar seu querido retiro na velha cidade imperial. Ele estava particularmente atraído por uma cidade que ele chamou  de “Paris do Saara” por causa do contraste impressionante entre a árida localização no deserto da cidade e o cenário das imponentes montanhas do Atlas que cercavam Marrakesh, que o inspiraram a pintar algumas de suas melhores aquarelas.

O hotel palácio La Mamonia é o lugar onde Churchil, e seus convidados ficavam, tendo se tornado sinônimo de luxo e bom gosto.

Em nosso caminho, muitas oliveiras eu via, e em pela temporada de colheita.

A azeitona é outro produto largamente cultivado em terras marroquinas, em em inúmeras variedades. O Marrocos é o segundo produtor mundial de azeitonas, só perdendo para a Espanha.

Kik Plateau 

Subimos até o Kik Plateau para mais emoções e vistas de tirar o fôlego.

Kik Plateau

Kik Plateau

Kik Plateau

Kik Plateau

O Kik Plateau é dominado pela cadeia do Alto Atlas, cujos picos têm mais de 4000 metros de altura, como o  monte Jbel Toubkal, já mencionado.

Localizado acima da cidade de Asni, domina em seu centro a Represa Lalla Takerkoust. As vilas berberes seguem a encosta das montanhas  Atlas e se misturam à paisagem.

Town of Amizmiz

Amizmiz

Amizmiz

Chegamos à Amizmiz, pequena cidade rural de Marrocos, que faz parte da província de Al Haouz e da região de Marrakech-Tensift-Al Haouz.

Situa-se no sopé das montanhas do Alto Atlas,  e possui albergues para aqueles que desejam vivenciar, de perto, a legítima vida marroquina.

Foi encantador ver a alegria e simplicidade daquele povo. Sendo Noureddine guia experiente e conhecido da região, sempre era cumprimentado pelos moradores de lá.

E por falar em cumprimentos, muito lindo ver o sorriso e educação das criancinhas nos saudando a todo instante: Bonjour! Bonjour!

Apesar da rusticidade daquele povo, ninguém ali pede esmolas aos turistas. Manifestavam, apenas, curiosidade pelos que passavam, e, nenhum interesse financeiro.

Imin Tala Village

Subimos mais um pouco até visualizarmos, mais perto, a aldeia berbere Imin Tala.

Imin Tala berbere village

Imin Tala berbere village

Imin Tala berbere village

Imin Tala berbere village

Agricultores por excelência, os berberes vivem em aldeias encravadas nas montanhas Atlas, onde cultivam seus produtos de forma rústica e elementar, com o auxílio de jumentos e nada mais.

Ao longo do passeio vi muitas mulheres carregando nas costas fardos imensos de produtos ali colhidos. Homens e mulheres sentados de lado em seus burros de carga, repetiam cenas tradicionalmente marroquinas muito retratadas em postais e quadros.

Anougal Valley

Anougal Valley

Anougal Valley

Subimos mais um pouco até o Vale Anougal, de onde se podia deslumbrar, a grandeza daquelas montanhas e um cenário bucólico de agricultores, cabras e ovelhas em suas encarpas.

Voltamos para Amizmiz onde iríamos almoçar.

Convidada por meu guia, fiz minha primeira refeição legitimamente marroquina: um Tajine de frango, servida no albergue Chez Ait Said, local belamente decorado à moda árabe.

Auberge Chez Ait Said

Auberge Chez Ait Said

Uma delícia!

Após o nosso almoço voltamos por estradas diferentes, onde ampliei minha mente com novas paisagens e cenas da vida rural e agrícola marroquina.

Algumas paradas para fotos e seguimos para Marrakech.

Me and Atlas Mountains

Me and Atlas Mountains

Reflexões ao fim da viagem

Voltei ao hotel com a mente e o coração plenos de contentamento e gratidão pela grata experiência de ter conhecido um pedaço do Marrocos, o qual nunca havia imaginado conhecer.

São essas surpresas de viagem que me alimentam a minha alma e me deixam mais convicta de que a cada registro das Montanhas Atlas ou do povo berbere, minha vida se enriqueceu em saúde e ganhei mais juventude e energia.

Um novo povo conheci. Uma nova parte da Africa eu vi. Descobri a existência de um novo idioma: o berbere. Aprendi que o Marrocos é o segundo maior produtor de azeitonas do mundo, depois da Espanha. Constatei diferenças  culturais entre duas nações árabes (Egito e Marrocos). E senti a vida tranquila e pacífica de um povo gentil e bem educado.

Chegando ao hotel, após um breve descanso, caminhei na bela Avenida Mohamed VI, onde meu hotel está localizado, em direção a um Mall próximo de onde eu estava: o Menara Mall, com um mercado Carrefour em seu interior, onde comprei o básico que costumo ter em meu quarto de hotel (água e alguma guloseima).

O dia me reservava mais uma surpresa. Ao sair do Menara Mall, já à noitinha, uma fonte com águas dançantes me aguardava. Tudo ao estilo árabe de ser: caprichado e rico. Que delícia!

Voltei em júbilo para o hotel, após um dia intenso e gratificante.

Fiz um vídeo destes momentos tão gratificantes. Espero que goste e comente.

A continuação desta viagem segue em outro post.

Muito obrigada! e Boa viagem!

Silvia Triboni

 

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