Acredito que a maioria de nós, os sêniores, sabe muito bem avaliar o quanto a nossa saúde é influenciada pelos bons relacionamentos.
Estar ao lado de entes queridos, celebrar com amigos, presencial ou digitalmente, sempre nos faz sentir importantes e pertencentes uns aos outros, e nos envolve em uma aura vibratória muito positiva e amorosa.
Isso tudo, que para mim já era algo muito natural, de conhecimento/sentimento universal e glorioso, tornou-se ainda mais valoroso ao saber que estudiosos da saúde dedicam especial atenção aos benefícios que os bons relacionamentos proporcionam ao processo de envelhecimento.
Isso mesmo! Ter amigos é condição essencial para o envelhecimento saudável.
O estímulo para que eu buscasse saber mais sobre o assunto decorreu de entrevista que a gerontóloga social Stella Bettencourt da Câmara concedeu ao meu projeto Across the Seven Seas, cuja missão é valorizar a vida, o talento e a experiência da população 50+, como exemplo para as gerações futuras e como ferramenta necessária para o crescimento e o desenvolvimento de políticas inclusivas e igualitárias.
Stella Bettencourt da Câmara é Doutora em gerontologia social, Mestre em Gerontologia, Professora e Investigadora do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa.
Segundo a especialista, “Estamos agora em uma fase da vida que nos alertou para os afetos e para a importância da família biológica, e, principalmente para a Família Social.”
“A construção da família de amigostornou-se umaquestão estratégica e muito associada a questão da saúde do adulto mais velho. Não é só o medicamento que o ajuda quando deprimido. Cuidar dos aspectos sociais dessas pessoas é tão importante quanto à administração de fármacos.”
Boas conexões e apoio social podem melhorar a saúde e aumentar a longevidade.
São inúmeras aos estudos a comprovarem que as conexões sociais além de nos darem prazer influenciam positivamente a nossa saúde a longo prazo.
Mais pesquisadores da área da saúde mostram que as pessoas que têm o apoio social da família, dos amigos e de sua comunidade são mais felizes, têm menos problemas de saúde e vivem mais.
Segundo a dados da Harvard Health Publishing, (Harvard Medical), “um estudo, que examinou dados de mais de 309.000 pessoas, descobriu que a falta de relacionamentos fortes aumentou o risco de morte prematura em relação às outras em 50% – um risco de mortalidade quase comparável a fumar até 15 cigarros por dia, e maior que obesidade e sedentarismo.”
O que torna as conexões sociais saudáveis – O poder da Família Social
Cientistas investigam os fatores biológicos e comportamentais que decorrem das boas amizades.
Descobriram que ter bons amigos ajuda a aliviar níveis prejudiciais de estresse que afetam negativamente as artérias coronárias, a função intestinal, a regulação da insulina e o sistema imunológico.
“Um grande estudo sueco com pessoas com 75 anos, ou mais, concluiu que o risco de demência era menor naquelas com bons relacionamentos de amigos e parentes.”
Que as amizades melhoram a saúde física e mental também não é novidade para John Moore, diretor médico da Aetna e especialista em saúde sênior. Durante seus 17 anos de prática, ele viu uma diferença marcante nos resultados de saúde de pacientes mais velhos que eram socialmente ativos em comparação com aqueles que não eram.
A diferença era especialmente clara entre pessoas que tinham doenças crônicas complexas, como diabetes ou enfisema, e precisavam seguir um regime diário de medicamentos e rotinas saudáveis.
“Os pacientes socialmente engajados tendem a ter melhores resultados, apesar de suas condições complexas”, diz o Dr. Moore. “Eles podem ter diabetes, doença pulmonar obstrutiva crônica, insuficiência cardíaca congestiva ou todas as três coisas, e ainda estar melhor por causa de sua saúde mental melhorada, suas atividades sociais regulares e sua dedicação em cuidar de si mesmos para que possam continuar suas atividades sociais regulares. “
Estudos descobriram, também, que a socialização pode fortalecer o sistema imunológico. Pode nos ajudar a recuperar mais rapidamente de doenças, reduzir a pressão arterial e o risco de doenças cardíacas, aguçar a memória e nos ajudar até mesmo a ter uma noite de sono melhor.
“Socializar também pode melhorar nossas chances de viver mais. De acordo com um estudo, pessoas com fortes ligações com a família e amigos têm 50% mais chances de sobreviver àquelas com menos laços sociais.”
Os amigos também podem ajudá-lo a manter sua saúde nos trilhos, diz o Dr. Moore.
“São amigos e familiares que se preocupam com você e o lembram de coisas que você precisa fazer, como uma mamografia ou colonoscopia ou exames anuais ou oculares”, diz ele. “Eles também podem perceber quando você está desenvolvendo perda de audição ou visão ou precisa de um andador ou bengala. E você pode nem perceber isso até que eles apontem para você. “
Como ampliar a sua Família Social
Embora a presença da família biológica seja importante para a nossa saúde, entendemos que nem todos possuem uma família que pode desempenhar um papel ativo em suas vidas, razão pela qual a formação e manutenção da Família Social se faz necessária.
Entretanto, fazer novos amigos pode ser fácil para muitos porém extremamente desafiador para os adultos mais velhos.
Quando se trata de construir um círculo social, os especialistas sugerem que se busque encontrar pessoas que nos apoiem e compartilhem nossos interesses, e indicam algumas boas maneiras de se conhecer novas pessoas:
• Seja um Voluntário. Encontre uma causa pela qual você seja apaixonado e seja voluntário. Ao se voluntariar em alguma organização de seu interesse, você poderá conhecer outras pessoas (mesmo que digitalmente) que se importam com as mesmas coisas que você, e, assim, iniciar uma boa amizade.
• Vá às aulas. Aprenda algo novo, ou busque reforçar algum conhecimento. Além de treinar seu cérebro, poderá conhecer os colegas de estudo com os quais poderá trocar ideias e fazer amizades. Há, também, cursos online que permitem a interação entre os alunos.
• Mexa-se. Se a academia não é sua praia, tente uma atividade que o tire do isolamento e se mova. Mesmo em casa é possível fazer parte de aulas online de dança, ginástica, yoga, alongamento em grupo.
• Envolva-se com a sua comunidade religiosa. Se você é religioso, confira os eventos que acontecem em seu local de culto local. Muitos oferecem encontros sociais projetados especificamente para os sêniores.
• Inscreva-se em redes sociais. Redes como o Facebook, Instagram, Tik Tok, podem ajudá-lo a fazer novos amigos, ou se reconectar com antigos. É possível, ainda, fazer parte de Grupos específicos no Facebook, por exemplo.
Mantendo a Família Social
Do que aprendemos até aqui, vimos que a nossa Família Social além de reconhecida e estimada merece ser valorizada ainda mais, e cuidada com muito afeto. Vejamos algumas maneiras de manter as nossas amizades:
Estarmos presentes e ativos em redes sociais; participarmos de reuniões online por meio das plataformas específicas são boas formas de mantermos o convívio com a nossa Família Social.
Lembro que, embora a tecnologia tenha fornecido uma maneira mais fácil de nos mantermos conectados, os métodos tradicionais de comunicação ainda são válidos e até mais efetivos para cuidarmos desse bem tão precioso chamado Família Social.
E você há de concordar comigo: Quem não gosta de um encontro presencial; de receber uma carta ou uma ligação de um amigo querido?
Para finalizar deixo aqui o meu abraço de gratidão a você minha amiga, meu amigo, por fazer parte de minha FAMÍLIA SOCIAL.
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