CÉREBRO E ENVELHECIMENTO – DIMINUIÇÃO OU AUMENTO DAS POSSIBILIDADES?
Uma questão fundamental à busca da boa longevidade
Para responder a uma das questões que mais preocupam o público 60+, em agosto de 2018, o Doutor Abrahão Fontes Baptista, cientista e pesquisador brasileiro sobre a regeneração nervosa e neurociência relativa ao desenvolvimento da consciência, ministrou palestra aos alunos do curso Profissão Repórter 60+, intitulada Cérebro e Envelhecimento – diminuição ou aumento das possibilidades, em que explanou acerca do funcionamento cerebral, e possibilidades de seu desenvolvimento na fase madura de vida.
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O Cérebro
Em uma aula abrangente e de fácil compreensão, explicou que apesar de se acreditar que as funções cerebrais diminuem com o envelhecimento, a coisa não é bem assim.
Ensinou que “nosso desenvolvimento cognitivo foi desenvolver a parte da frente do cérebro que comandam as funções cognitivas, executivas…sendo que nos animais a parte de trás é maior, pois possuem as partes sensitivas mais aguçadas, como a visão, olfato…”
O ser humano possuindo a parte da frente do cérebro (motora e executiva) mais avantajada, é ela que comanda todos os demais setores do cérebro. Este, funciona em rede o que nos faculta a capacidade de poder ver, ouvir e pensar ao mesmo tempo, por exemplo.
Segundo o pesquisador Abrahão, mestre e doutor em ciências morfológicas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro d pós-doutor na Western Sydney University, Austrália, os problemas que surgem com o envelhecimento estão relacionados à incapacidade de mudar o uso de outras regiões do cérebro enquanto se está em alguma situação. Exemplificou utilizando a situação de uma pessoa com depressão e sua incapacidade de ampliar sua vontade em prol de uma melhora.
Ilustrou sua palestra demonstrando, com imagens, o envelhecimento do cérebro e sua variação de tamanho e abrangência ao longo da vida entre 18 a 97 anos.
Doutor Abrahão, em sua fala tranquila, porém certeira, introduziu a demonstração de seus estudos e prática científica, dizendo que o estudo da conectividade existente no cérebro mostra que a possibilidade de operar em rede nos cérebros das pessoas mais velhas detém maior alcance do que em pessoas mais novas.
A parte cognitiva deixa de comandar com prioridade, passando a parte emocional a se conectar com o resto do cérebro, com primazia. Segundo o cientista, ” Isso é um avanço em relação aos mais novos e não um retrocesso. Apenas coloca as pessoas em posições diferentes. Se temos funcionamento motor, funcional emocional, vemos que os mais jovens não possuem o emocional ampliado que só aparece a partir dos 50 anos.”
Diante de tais fatos conclusivos, ressalta o pesquisador Abrahão que a sociedade coloca o jovem como top mas não é a realidade.
- O que fazer para desenvolver o cérebro
Ao descaracterizar a crença de muitas pessoas de que o cérebro degenera com o envelhecimento, o pesquisador mencionou o estudo feito com os chamados Super-idosos, pessoas com mais de 80 anos que apresentam memória e volume cerebral compatíveis com pessoas de 50-60 anos. Estes foram estudados com o objetivo de auxiliarem nas respostas à preservação das funções cerebrais ao longo do envelhecimento.
Afirmada a real possibilidade de desenvolvimento do cérebro mesmo após os 60 anos, apresentou as respostas que todos aguardavam: o que se deve fazer para termos as mesmas condições dos Super-idosos, estacionando, ou aumentando, o tamanho do cérebro e de nossas funções relativas à memória, intelecto etc.
As recomendações foram claras: fazer atividades físicas, intelectuais e sociais, de forma intensa, é a chave para se alcançar o tão almejado desenvolvimento cerebral no idoso. Andar, caminhar, dançar, correr, vigorosamente, aumenta a reserva funcional do cérebro.
Outro fator fundamental no exercício das atividades mencionadas é a prática da Atenção. Conforme nos explicou, “estar atento naquilo que se faz nos ajuda a ultrapassar barreiras relacionadas a outros fatores”.
Consultado sobre a possibilidade de conquistas no sentido do desenvolvimento cerebral após os 60 anos, ele respondeu que é possível sim. Apresentou-nos sua pesquisa sobre a prática da Meditação que, segundo ele, é uma forma especial de se manter a atividade física e cognitiva preservadas.
Na meditação, disse o palestrante, “o indivíduo utiliza técnica de focar sua mente em um objeto, pensamento ou atividade, visando alcançar um estado de clareza mental e emocional. O controle é top-down. Fazemos isso praticando a atenção enquanto meditamos.”
Outras atividades são, também, favoráveis à renovação cerebral aqui tratada, como por exemplo o trabalho artesanal, ofício que exige muita atenção e foco. Yoga, tai chi, também foram citados.
Diante de um cenário otimista e construtivo, que entusiasmou os alunos do Profissão Repórter 60+, muito se perguntou a respeito das descobertas científicas surgidas para a melhora da saúde, aprendizagem e qualidade de vida do público Sênior.
Mais abrangente ainda foram as respostas do ilustre Professor, o qual nos explicou que o importante é a prática de atividades que exijam o funcionamento de vários setores de nosso cérebro, como por exemplo a dança que nos impõem, segundo ele, “modificações constantes pois precisamos nos adaptar a ritmos diferentes, pessoas diferentes, ambientes diferentes…”.
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Como as atividades turísticas podem desenvolver o cérebro
Da mesma forma, Doutor Abrahão, respondendo a uma questão que lhe apresentei, explicou que a simples conversa com uma pessoa estrangeira, em outro país, nos força ao uso da rede cerebral amplamente mencionada, ativando-se regiões não usualmente exploradas, atividade que se recomenda àquele que deseja envelhecer saudavelmente.
Em complemento à resposta dada, o cientista citou que ao retornarmos de um país estrangeiro, tornamos a exercitar o cérebro com a readaptação ao nosso ambiente familiar, fazendo, mais uma vez, com que outras conexões sejam ativadas.
Fazer turismo faz muito bem!
Em resumo ao tudo ensinado pelo Dr. Abrahão Fontes Baptista, vimos que o cérebro precisa manter-se ativo e exercitado constantemente em seus variados setores.
Ao relembrarmos todas as atividades que envolvem o ato de fazer turismo e viajar, percebemos que o envolvimento com o planejamento do destino (escolha e decisão de para onde ir); a organização das providências prévias (documentação, recursos financeiros, acomodação, transporte); adaptação física e social ao lugar de destino; exploração do lugar escolhido, seus aromas e sabores; comunicação com diferentes pessoas; vivenciamento de novas culturas e experiências, são ações que exigirão respostas de áreas cerebrais não usualmente demandadas.
Sem aqui falar dos demais benefícios que viagens e turismo nos proporcionam, vimos que exercitando o explorar de novas lugares poderemos estar garantindo a preservação de nossas funções cerebrais por muito mais tempo do que o esperado com o passar dos anos.
Inserir em nossos planos futuros algumas das atividades mencionadas pelo cientista aqui apresentado deve ser uma obrigação, se quisermos viver com saúde e vigor em nossa fase madura.
Portanto, adicionemos já o prazer de viajar em nossas vidas e sejamos um exemplo de Super-Senior.
Muito obrigada!
Silvia Triboni
Informações úteis:
Currículo de Abrahão Fontes Baptista http://www.ufabc.edu.br/ensino/docentes/abrahao-fontes-baptista
O curso Profissão Repórter 60+, foi criado pela Dínamo Editora e a Associação Centros Etievan, apoiado pelo Conselho Estadual do Idoso e da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social do Estado de São Paulo,
Veja também a entrevista com a Doutora Elizabeth Zamerul, sobre os “Benefícios que viagens trazem a nossa longevidade”
Muito bom!