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Sou velho, não idiota! Esta frase de protesto que pode muito bem ser dita por muitos de nós foi o “grito” dado por Carlos San Juan de Laorden, um senhor espanhol de 78 anos, em resposta ao precário atendimento bancário que a Espanha oferece às pessoas mais velhas.

Em meio a uma onda de fechamento de agências e mais e mais serviços bancários estarem disponíveis apenas na forma digital, o Sr. Carlos San Juan de Laorden, morador de Valência, na costa sudeste da Espanha, decidiu dar voz não só à sua revolta mas à de todos aqueles que se sentem “abandonados” pelo sistema bancário.

O bravo senhor lançou uma petição no Change.org (uma plataforma de petições) com o nome: “Sou velho, não idiota” (Soy mayor, no idiota). Nesta petição requer ao Banco Santander, Bilbao Viscaia BBVA, Banco de Espanha, Bankinter, Ministério de Assuntos Econômicos y Transformación Digital, e outros, tratamento humano pois não quer mais se sentir tratado como idiota quando não souber operar os sistemas digitais.

Sou velho, não idiota

( foto da plataforma Change.org)

A garra e coragem de idoso na luta contra a exclusão praticada pelos bancos

O descaso com que o sistema bancário espanhol trata as pessoas de todas as idades ao desconsiderar o grau de literacia digital de cada um, ignorando as suas dificuldades de acesso aos serviços eletrônicos, não é diferente no Brasil.

No ano passado, cerca de 11% das agências bancárias na Espanha fecharam para cortar custos sob a alegação de que os clientes haviam mudado para o banco on-line.

No Brasil, segundo o Banco Central, 2.351 agências bancárias foram fechadas na pandemia. Os bancos afirmam que o aumento dos meios digitais de pagamento é a razão da reestruturação da rede física. Na verdade ignoram as dificuldades advindas deste processo digital, e nada fazem para melhor atender clientes em suas dificuldades de acesso.

Muito mais do que somente criticar o desserviço bancário na imprensa ou redes sociais, Sr. Carlos San Juan, de 78 anos, foi além. Agiu! Movimentou-se efetivamente ao organizar o abaixo-assinado que em seus primeiros quatro dias já agregava mais de 200 mil assinaturas.

Cheguei a me sentir humilhado ao pedir ajuda em um banco e ser tratado como se eu fosse um idiota por não saber como concluir uma operação

Tenho quase 80 anos e fico muito triste ao ver que os bancos esqueceram as pessoas mais velhas como eu”, desabafa o Sr. Carlos San Juan em sua petição.

Agora quase tudo está online… e nem todos nós entendemos de máquinas. Não merecemos essa exclusão. É por isso que estou pedindo um tratamento mais humano nas agências bancárias.

Tem que pedir por telefone mas liga e ninguém atende… E acabam te redirecionando para um aplicativo que, de novo, não sabemos usar. Ou eles o enviam para uma filial distante que você pode não ter como chegar. Cheguei a me sentir humilhado ao pedir ajuda em um banco e ser tratado como se eu fosse um idiota por não saber como concluir uma operação. Isso não é justo nem humano”, afirma o Sr. De Laorden.

Os problemas em questão afetam muitas pessoas, entretanto, os adultos mais velhos são os que mais sofrem quando precisam resolver os assuntos bancários do dia-a-dia.

Muitas pessoas mais velhas estão sozinhas e não têm ninguém para ajudá-los, e muitos outros, como eu, querem ser capazes de permanecer o mais independente possível também na nossa idade. Mas se complicam tudo e fecham os escritórios, estão excluindo aqueles que têm dificuldade em usar a Internet e aqueles que têm problemas de mobilidade.

Se você deseja assinar a petição do Sr. Carlos San Juan no Change.org, pode fazê-lo aqui.

Assine para solicitar que os bancos sirvam as pessoas idosas sem obstáculos tecnológicos e com mais paciência e humanidade. E que mantenham agências abertas onde uma pessoa possa servi-lo…

Sou velho, não idiota

(foto da plataforma Change.org)

Não somos idiotas mesmo! O exemplo do Sr. Carlos deve ser seguido!

Temos que lutar por nossos direitos, pacífica, mas incansavelmente.”, diz o Sr. Carlos em sua petição.

Este é o conselho do Sr. Carlos San Juan de Laorden que começou a angariar apoio para a sua reclamação entre pessoas de sua família, amigos e conhecidos, e hoje com o impulso da Change.org chegou a todos os cantos de Espanha e já conta com mais de 600 mil assinaturas.

A luta do senhor espanhol de 78 anos já anuncia conquistas que beneficiarão muitas pessoas

Quando contatado, Carlos San Juan deixou claro ao jornal espanhol “20 Minutos” que não queria “desculpas individuais”, já que a luta é de “todo o grupo dos mais vulneráveis”.

Assim ele se pronunciou depois que a primeira vice-presidente e ministra da Economia e Transformação Digital, Nadia Calviño, apontou esta quinta-feira ao setor bancário, em reunião, a necessidade de adotar medidas para garantir o acesso de pessoas com mais de 65 anos aos serviços financeiros.

BOAS Notícias do Sr. Carlos EM 8 DE FEVEREIRO DE 2022

Estou um pouco nervoso, na verdade. E animado. Agora estou a caminho de Madrid porque hoje vou registrar nossas assinaturas tanto no Ministério da Economia quanto no Banco da Espanha.

Em ambas as reuniões explicarei por que nosso pedido é tão urgente, e falarei não só em meu nome, mas também em seu nome, no caso, 600.000 pessoas que me trouxeram aqui. E, acima de tudo, vou falar em nome de todas aquelas pessoas que precisam de uma melhoria na atenção nos bancos e que nunca aderirão a esse pedido. Eu os vi se sentindo sozinhos na frente de um caixa ou chorando na porta de uma agência. Para todos eles temos que continuar.

Hoje é o registro de assinaturas, mas não significa que nossa campanha termine aqui. Pelo contrário, se estou a caminho de Madri, é para dizer ao Ministério que não vamos desistir. O apoio dessas semanas e a velocidade com que excedemos meio milhão de assinaturas mostra que a exclusão financeira preocupa muitas pessoas. E se conseguirmos essa mobilização para melhorar a atenção dos bancos, não vamos ficar aqui.

Obrigado por se juntar a mim em um dia tão importante.”

A GRATIDÃO É NOSSA

O Senhor Carlos San Juan de Laorden agradece os seus apoiadores e nós o agradecemos pelo exemplo de coragem, sabedoria e determinação que demonstra o quanto nós, os maduros, somos capazes de agir e nos mobilizar na defesa de nossos direitos e nos interesses de toda a sociedade.

Como bem diz o Sr. Carlos: SOMOS VELHOS, NÃO IDIOTAS!

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