Marrakech – o melhor ponto de partida em uma viagem ao Marrocos
Patrimônios históricos e estúdios de cinema do Alto Atlas
Neste post contarei como foram meus últimos dois dias visitando, sozinha, o Marrocos.
Caso não tenha lido os dois posts anteriores, seguem os links do O que fazer em cinco dias em Marrocos parte I, e O que fazer em cinco dias em Marrocos – parte II. onde conto como foi minha decisão de viagem, meu planejamento apressado, e todas as emoções vividas no belo país africano.
4º Dia – 28.11.18 – Tour para Ourzazate e Ait Ben-Haddou
Tour coletivo com a Grayline, em van de turismo, guia Mustafá, valor: 68 euros.
Conforme contratado, bem cedinho, o guia/motorista Mustafá buscou-me no hotel, e os demais passageiros em um riad no centro histórico de Marrakech.
Neste tour estavam somente eu e uma família de americanos, de Miami, composta de mãe e dois filhos adultos.
Partimos em direção ao Alto Atlas, a parte da cordilheira com maiores altitudes, que se encontra em terras marroquinas.
Fizemos uma primeira parada para café e vista da paisagem, sempre arrebatadora.
Íamos atravessar as Montanhas Atlas, em direção à Ouarzazate, a Porta do Deserto, como é chamada. Isso porque ao atravessarmos as Montanhas Atlas entramos no Deserto do Saara.
O Deserto do Saara é o segundo maior deserto do mundo com aproximadamente 9 milhões de km2de extensão.
Ele localiza-se ao norte da África (entre a África Mediterrânea e a África Subsaariana) abrangendo diversos países do continente africano: Argélia, Chade, Egito, Líbia, Mali, Mauritânia, Marrocos, Níger, Sudão e Tunísia. É delimitado pelas fronteiras: Mar Mediterrâneo e Cordilheira do Atlas ao norte, Mar Vermelho a leste, o Sahel ao sul e o Oceano Atlântico a oeste.
Cooperativa de mulheres produtoras do óleo de argan – hora do souvenir
Tínhamos uns duzentos quilômetros pela frente, o que obrigava Mustafá fazer paradas estratégicas no caminho.
A segunda parada foi bem estratégica. Pelo menos, para o guia. Paramos para “conhecer” uma cooperativa de mulheres produtoras de óleo de argan.
Na verdade, tais “paradas” são conhecidas no mundo do turismo mundial. São oportunidades que o comércio tem de vender produtos típicos, regionais, artesanais etc, e a chance do guia faturar alguma comissão pelo público que lá levou.
Sem problemas. Já estive em várias situações como esta, e já comprei muito desses souvenires.
Entretanto, depois de uma certa experiência como viajante, comecei a ser mais criteriosa na qualidade de meus gastos em viagens.
Procuro conhecer os mercados locais, fora do circuito do turismo, e comprar algum produto típico a preço razoável. Dá para economizar um bom dinheiro se procurarmos fazer compras assim.
No caso da cooperativa de meninas produtoras do óleo de argan, nada me interessou. No dia anterior eu havia passado no Carrefour, próximo do hotel, e já sabia o preço dos produtos de argan. Menos da metade dos preços da cooperativa, ou seja: nada de compras na cooperativa.
Importante falar do famoso Óleo de Argan. Este óleo é basicamente uma seiva que é extraída de uma árvore típica de Marrocos, a Argania Spinosa, que nasce na região sudoeste de Marrocos, área desértica. Por ser raro é caro. Suas propriedades fazem com que seja considerado quase como um ouro líquido extraído de uma árvore.
Kasbah Ait-Ben-Haddou, a maravilha no Deserto do Saara
A chegada ao Kasbah Ait-Ben-Haddou é excitante.
Estar diante daquela maravilha declarada Patrimônio da Humanidade pela UNESCO, me fez reverenciar ainda mais aquele povo e sua história.
Kasbah é o nome dado ao tradicional habitat pré-saariano, Formado por um grupo de prédios construídos com tijolos de barro, o kasbah é cercado pormurosoumuralhas, e existe em diversas cidades doNorte da África. A defesa dessas edificações é reforçada por características torres de vigia.
Kasbah Ait-Ben-Haddou, na província de Ouarzazate, é um exemplo claro deste tipo de arquitetura marroquina. Localizado no sopé das encostas do sul do Alto Atlas. Kasbah Ait-Ben-Haddou é um exemplo impressionante da arquitetura do sul do Marrocos.
O local também era um dos muitos postos comerciais da rota comercial que ligava o antigo Sudão a Marraquexe pelo Vale do Dra e pelo Passo de Tizi-n’Telouet. Arquitetonicamente, os alojamentos formam um grupo compacto, fechado e suspenso.
As áreas comunitárias do kasbah incluem uma mesquita, uma praça pública, áreas de trilha de grãos fora das muralhas, uma fortificação, dois cemitérios (muçulmano e judeu) e o Santuário do Santo Sidi.
O Kasbah Ait-Ben-Haddou é uma síntese perfeita da arquitetura de terra das regiões pré-saarianas do Marrocos.
Com um rio a seus pés, o Ait Ben-Haddou parece ter sido esculpido nas encostas montanhosas do Alto Atlas.
Andar por suas ruelas e subir seus degraus é sentir-se parte da história daquele lugar. Lugar exótico é único.
No caminho até sua mais alta construção, vi lojinhas de artesanatos coloridos que destoavam de tão venerável e ancião lugar.
Do lugar mais alto do kasbah eu podia ver toda a agricultura às margens do rio Unila. A presença onipotente da Cordilheira Atlas ao fundo transformava tudo em um grande cartão postal.
Fiz um vídeo para ilustrar ainda mais minha visita a este cenário mágico marroquino.
Atlas Film Studios – cenários de filmes que marcaram a história do cinema
Saí do famoso kasbah com o coração cheio de contentamento por ter tido mais uma oportunidade de enriquecimento cultural e espiritual. O lugar é espetacular.
Seguimos para visitar um dos maiores estúdios de cinema do mundo: o Atlas Film Studios.
Na chegada, visitamos o Oscar Hotel Ouarzazate, existente no complexo do grande estúdio de cinema, e por lá almoçamos antes de iniciar o tour pelos gigantescos cenários lá existentes.
Nomeada por sua proximidade com as Montanhas Atlas, a Atlas Film Studios é o maior estúdio de cinema do mundo (20 hectares).
Está localizado a apenas cinco quilômetros de Ouarzazate, e é um destino turístico popular e imperdível, uma vez que preserva os cenários de filmes que marcaram a história do cinema mundial.
A Atlas Film Studios não foi construída até 1983, quando o empresário marroquino Mohamed Belghmi reconheceu a necessidade de um estúdio permanente na área. Mas, sim, quando a região de Ouarzazate foi usada pela primeira vez como locação de filme pelo aclamado diretor britânico David Lean, para seu épico de 1962, Lawrence of Arabia.
Familiarizado com a área, Lean sabia que o lugar poderia fornecer um cenário autêntico para qualquer história antiga baseada no deserto.
Ao longo dos anos, Ouarzazate serviu como local de filmagem para Alexandre, o Grande, Black Hawk Down, Reino dos Céus, Babel, A Múmia (1999), Guerra nas Estrelas (1977), The Living Daylights (1987), Kundun de Martin Scorsese (1997), e muitos outros, incluindo o épico Gladiador de Ridley Scott (2000), estrelado por Russell Crowe, Body of Lies (2008), também estrelado por Russell Crowe, juntamente com Leonardo DiCaprio, Ben-Hur, com Morgan Freeman, Game of Thrones , A Cruzada.
A primeira coisa que os visitantes encontram no Atlas é um enorme avião que foi usado no filme Jewel of the Nile, de 1985. No deserto, uma das atrações mais populares são os subterrâneos do Coliseu, onde Crowe lutou em Gladiador.
Muitas réplicas de monumentos egípcios, estátuas enormes, barcos, catapultas, colunas gregas, tudo feito em gesso e madeira.
Como sou cinéfila, apreciei muito a visita aos Atlas Studios, e a sensação de poder estar onde um dia atores e atrizes fizeram a história do cinema mundial.
Kasbah Taourirt em Ouarzazate
Seguimos viagem para a cidade, propriamente dita, de Ouarzazate.
Esta cidade, ganhou fama após a gravação do filme Lawrence da Arábia, nas proximidades do Kasbah Ait Ben-Haddou.
A partir daí, surgiu a conscientização a respeito de outro Kasbah Taourirt, uma estrutura magnífica, construída pelo Glaoui.
Em um ponto nos anos 30, o Kasbah Taourirt foi considerado o maior Kasbah no Marrocos e hoje é classificado como um monumento histórico que homenageia o Glaoui. Situado entre um cenário deslumbrante de montanhas e o deserto do Saara, o Kasbah Taourirt é um dos mais belos Kasbahs em Marrocos
Este kasbah, diferente do Ait-Ben-Haddou, tem a cidade toda a seu redor. Não o visitamos por dentro.
Após as fotos de costume, seguimos viagem.
A volta foi cansativa, pois o guia/motorista Mustafá não teve a gentileza de dirigir com cuidado nas curvas e buracos.
Preciso lhe dizer que o motorista/guia Mustafá, da Greyline – deixou a desejar. Tanto quanto guia de turismo, quanto motorista. Não o recomendo!
De pouca comunicação, se reservou ao direito de falar apenas nas paradas, sobre os locais que visitávamos, ficando calado a maior parte da longa viagem (com exceção dos momentos em que falava ao celular, mesmo ao volante). Lamentável!
Felizmente, o sucesso do passeio não dependeu dele. O que vi foi extraordinário e ficou marcado em minha lembrança.
Dia 29.11.18 – Final da viagem ao Marrocos – Um pouco mais de Marrakech
Chegou o último dia em Marrocos. Que pena!
Com o vôo marcado para a noite, eu tinha o dia inteiro para ver mais um pouco de Marrakech. Precisava aproveitar cada momento.
Royal Theatre of Marrakech
Como já disse, meu hotel estava super bem localizado, o que me permitiu conhecer outros lugares incríveis da cidade, a pé, como o Royal Theatre de Marrakech. Parecia um palácio.
Inaugurado em 19 de setembro de 2001, pelo Rei Mohammed VI, o Royal Theatre de Marrakech foi construído para ser um dos principais pontos artísticos e culturais mais importantes do mundo.
No interior do impressionante teatro de 1200 lugares ao ar livre e da casa de ópera com 800 lugares, o teatro apresenta uma variedade de eventos culturais nacionais e internacionais, incluindo ópera, balé e apresentações musicais. O hall de entrada abriga muitas exposições de pintura, escultura e fotografia. Na verdade, a arquitetura impressionante vale a pena a visita.
Este teatro reina imponente na cidade de Marrakech, e vale a pena vê-lo, nem que seja só externamente, como eu fiz.
Festival Internacional de Cinema de Marrakech
Também na Avenida Mohamed VI, no Palácio do Congresso, ocorreu o Festival Internacional de Cinema de Marrakech.
O Festival International du Film de Marrakech é um festival internacional de cinema fundado em 2001 e realizado anualmente em Marrakech. Neste ano ocorreu de 30 de novembro a 08 de dezembro de 2018, ou seja, após minha estada por lá. Que pena!
A programação deste ano estava brilhante, com homenagens a Robert de Niro e Robin Wright.
Além do Palácio do Congresso, outros lugares da cidade exibiram os filmes participantes, inclusive na Praça Jemaa El Fina e na Fundação Yves Saint Laurent.
Fontes de Energia Solar na Avenida Mohamed VI
Dá para imaginar uma fonte de energia solar, com bancos ao redor, e tomadas para você usar quando quiser?
Pois bem. Marrakech tem. E muito linda.
Fiquei maravilhada com essa beleza, também na Avenida Mohamed VI.
Por fatos assim, belezas históricas, requintes arquitetônicos, maravilhas naturais, ou feitas pelo homem, Marrakech ganhou meu coração.
Foram insuficientes meus 5 dias no Marrocos, posso lhe dizer, pois ainda quero conhecer outros rincões daquele país exuberante, pacífico e receptivo.
Espero que meus três posts sejam úteis na sua programação de viagem para o Marrocos.
Adoraria saber sua opinião a respeito do que lhe contei. Conte comigo para o que eu puder ser útil.
Muito Obrigada!
Silvia Triboni
Olá Sivia adorei seus post sobre o Marrocos pois estou com viagem marcada para final de junho ,depois de ler seus post fiquei mais entusiasmada e acho que acertei em reservar 10 dias
Tenho só uma pergunta a interne
te e wi fi funcionam bem ?
Bjs
Oi Débora! Que delícia saber que você irá para o maravilhoso Marrocos. Você vai adorar. Logo que cheguei comprei um chip para ligações e dados e funcionou muito bem. No hotel que fiquei em Marrakech o wifi funcionou perfeitamente. Prepare-se para se surpreender com Marrakech. Cidade moderna, cosmopolita, limpa e segura. Andei sozinha por lá com muita tranquilidade. Quero voltar. Depois me conte como foi sua viagem, tá?! Beijos.