“Não são os dados que estão sendo explorados, são as pessoas”
Aguardada por empreendedores, fundadores e CEOs de empresas de tecnologia, startups em rápido crescimento, formuladores de políticas públicas e chefes de estado, teve hoje, a Web Summit em Lisboa, Portugal.
De 4 a 7/11/2019, esta que é chamada “a maior conferência de tecnologia do mundo”, mobilizará mais de 70.000 participantes, 1.200 palestrantes, mais de 2.000 jornalistas e mais de 11.000 CEOs.
Por meio de sua correspondente internacional, O Poder da Colaboração, empreendimento brasileiro fundado por Izabella Ceccato, está participando da edição de 2019, da Web Summit, em Lisboa, Portugal.
Tendo por objetivo fomentar o empreendedorismo, a inovação social e a colaboração, O Poder da Colaboração não poderia deixar de estar presente à maior conferência de tecnologia do mundo.
Cumprindo a sua missão de “conectar pessoas e idéias que possam mudar o mundo”, Paddy Cosgrave, co-fundador e CEO da Web Summit, abriu os trabalhos no Altice Arena, em Lisboa.
Após enaltecer a participação de pessoas de vários países do mundo, inclusive de muitos brasileiros que ali estavam, Paddy avisou que mais de 10 mil pessoas aguardavam do lado de fora, em razão das regras de segurança que demandou a revista de todas as mochilas. Cosgrave fez questão de agradecer as autoridades portuguesas pelo trabalho de vigilância e reforço na segurança do evento.
Após, repetindo o ritual de início da Web Summit, o anfitrião pediu às milhares de pessoas na Altice Arena para se levantarem e se apresentarem às pessoas do lado.
Minutos depois, apresentou Edward Snowden, dizendo ser ele a definição do que “significa ser um whistleblower”.
Em transmissão direta da Russia, onde se encontra exilado, Edward Snowden, respondeu os questionamentos de James Ball, do Bureau of Investigative Journalism, e recordou as motivações que o levaram a denunciar a CIA e a NSA (Agência Nacional de Segurança USA), em 2013.
“Imagine, que trabalha na CIA, que sempre segue as regras, que era um chato. A minha família tinha trabalhado para o governo e eu ia fazer o mesmo”. Até ao dia em que Snowden precisou contar a “verdade ao mundo”. “Imaginem que descobriam que tudo o que a sua agência fazia, que o que seus colegas faziam ia contra aquilo que estava no juramento que antes fizera”.
“Para mim, a resposta era clara. Acredito que o público tem direito a saber a verdade”. “Vigiavam as pessoas num sentido de prospecção, o que chamei de vigilância permanente. Faziam isto de qualquer forma, mesmo que as pessoas não tivessem feito nada de errado porque podia ser proveitoso.”
Segundo Snowden, os dados não são inofensivos, não são abstratos, quando se fala de pessoas. “Não são os dados que estão sendo explorados, são as pessoas”.
Questionado sobre o presente e momento em que o mundo tecnológico atravessa, com as chamadas big tech sendo pressionadas pelo mal uso de nossos dados, Snowden foi direto: “O modelo de negócio é o abuso”, se referindo a Google, Amazon ou Facebook (Big Techs).
“Isto nos deixa com uma questão a lidar”, disse o entrevistado. “O que se faz quando as mais poderosas instituições da sociedade são as menos responsabilizadas da sociedade?”, questionou Edward.
Snowden acrescentou que muitas empresas e governos se aproveitam de um modelo de negócios “que é legal” para reunirem dados dos cidadãos, investigarem vidas privadas e manipularem a população. Um sistema “que torna a população vulnerável para benefício dos privilegiados”. “Legalizamos o abuso das pessoas”.
Concluindo sua entrevista para a Web Summit, Edward Snowden foi claro na mensagem: “A lei não é a única coisa que consegue nos proteger, a tecnologia também não é a única coisa que pode nos proteger – nós podemos nos proteger.”
Ainda neste dia a Web Summit contou com uma apresentação de Guo Ping, um dos vice-presidentes da Huawei, sobre o futuro da tecnológica e das novas redes 5G.
A abertura da Web Summit foi depois oficializada pelo prefeito de Lisboa, Fernando Medina, e pelo ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, acompanhados de Paddy Cosgrave.
Silvia Triboni – Correspondente de O Poder da Colaboração e editora do Across Seven Seas
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