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A Organização Mundial da Saúde OMS, em parceria com a Direção Geral da Saúde de Portugal, realizou nos dias 10 e 11 de outubro de 2023, em Lisboa, a Conferência Regional para a Inovação Política para o Envelhecimento Saudável na região europeia.

A cimeira reuniu mais de 120 líderes líderes governamentais, especialistas e representantes da sociedade civil de 53 paísees, para discutir e promover políticas de envelhecimento saudável.

Os tópicos abordados incluiram a criação de ambientes saudáveis para pessoas idosas, perspectivas sobre o envelhecimento, cuidados de longa duração, cuidados de qualidade e equidade, promoção da atividade física e alimentação saudável, mão de obra na área da saúde, dados de monitorização, financiamento da saúde para população idosa, apoio aos cuidadores informais e promoção da saúde e literacia digital.

Estiveram presentes os especialistas Piroska Ostlin, Regional Advisor, OMS Europa, Robert Butler, trainee for World Championship in Ironman; Andre Peralta, Vice-diretor na Direção Geral da Saúde de Portugal e Natasha Azzopardi Muscat, Diretora de Políticas e e Sistemas, OMS Europa, entre outros, e trataram de temas como: Envelhecimento redefinido: aproveitar o envelhecimento da população como catalisador de inovações políticas para uma vida mais longa e saudável; Criando ambientes saudáveis para o envelhecimento saudável; Como nós pensamos, sentimos e agimos sobre o envelhecimento quando foi tratado do Idadismo.

CONFERÊNCIA DA OMS TRATA DE INOVAÇÃO POLÍTICA PARA O ENVELHECIMENTO SAÚDAVEL

Alexandre Kalache, Presidente do Centro Internacional de Longevidade do Brasil

CIDADES AMIGAS DA PESSOA IDOSA – PROFESSOR ALEXANDRE KALACHE

Na sessão “Criar um ambiente propício ao envelhecimento saudável”, introduzida por Yongjie Yon, Responsável Técnico em Envelhecimento e Saúde, OMS Europa, foi dada ênfase na importância dos ambientes favoráveis ao envelhecimento saudável, especialmente dentro da iniciativa Cidades e Comunidades Amigas da Idade (CCAA) da Organização Mundial de Saúde.

Professor Alexandre Kalache, Presidente do Centro Internacional de Longevidade do Brasil e Thiago Herick De Sa, Responsável Técnico pelas Cidades e Comunidades Amigas das Pessoas Idosas, sede da OMS, moderam a referida sessão, a qual foi abrilhantada com a palestra inicial do referido Professor Kalache ao tratar do tema “Navegar pelas iniciativas amigas das pessoas idosas: Visão, implementação e rede global”

A palestra do renomado Professor Kalache foi marcada por sua inspiradora abordagem sobre o seu trabalho na Organização Mundial da Saúde que deu origem à iniciativa Cidades Amigas do Idoso.

Iniciou a sua apresentação relembrando como uma oportunidade única surgiu durante o Congresso da Associação Internacional de Gerontologia, realizado no Rio de Janeiro, sua cidade natal. “Foi um grande prazer e honra que o Congresso tenha acontecido no Rio, e lá que veio a ideia de aproveitar a oportunidade e a imaginação para criar o que viria ser uma projeto global“, disse ele.

 

Thiago Herick De Sa, Responsável Técnico pelas Cidades e Comunidades Amigas das Pessoas Idosas, sede da OMS

Nesse momento, o Prof. Kalache destacou a ocorrência de uma mudança demográfica significativa anunciada pelas Nações Unidas: em 2007, pela primeira vez na história, haveria mais pessoas vivendo em áreas urbanas do que em zonas rurais. Isso trouxe consigo duas revoluções cruciais: a revolução da longevidade e a urbanização em escala global, afetando não apenas a Europa, mas também a América Latina, a África e a Ásia.

A pergunta que se impôs diante dessas revoluções foi se as sociedades estavam preparadas para enfrentar os desafios que se avizinhavam. E foi nesse contexto que o Prof. Kalache decidiu lançar um novo olhar sobre as Tendências Demográficas, focando inicialmente em seu distrito natal, Copacabana. Ele descreveu Copacabana como um lugar associado com praia, música, beleza e futebol, mas também como um local onde as pessoas estão envelhecendo rapidamente. “Temos uma estrutura em Copacabana que é a mesma do Japão, por isso é um laboratório para ver como será o Brasil em 2050, com todos os seus contrastes e contradições”, enfatizou.

O Prof. Kalache explicou que, a partir de estudos qualitativos realizados com grupos focais em Copacabana, ele fez uma apresentação na conferência do IHGG e imediatamente buscou o apoio do governo do Canadá. Esse apoio levou a uma reunião em Vancouver com gerontólogos, planejadores urbanos e acadêmicos, onde foi gerado um Protocolo que delineava as dimensões essenciais a serem consideradas no envelhecimento em áreas urbanas periféricas.

Com tal Protocolo em mãos, o Prof. Kalache e sua equipe o aplicaram em 35 cidades ao redor do mundo. Os resultados dessa pesquisa foram então discutidos em Genebra por mais de 3.200 participantes, incluindo 1.000 prestadores de cuidados. Posteriormente, o guia baseado no Protocolo criado foi lançado em todas as “Cidades Amigas do Idoso”, abrangendo grandes metrópoles, áreas metropolitanas e cidades menores.

O impacto dessa iniciativa foi notável. O Prof. Kalache revelou com orgulho que a ideia que começou de forma modesta capturou a imaginação de pessoas em todo o mundo. Ele mencionou a Rede Global em Genebra e a crescente adesão a esse modelo por milhares de cidades ao redor do mundo, incluindo na Noruega, onde havia 295 cidades e comunidades aderindo a ele, independentemente de seu tamanho.

O Professor Alexandre Kalache concluiu sua palestra enfatizando a importância de olhar para o futuro à medida que envelhecemos. Sua visão inspiradora e seu trabalho incansável na promoção do envelhecimento saudável e inclusivo nas cidades demonstram que as mudanças demográficas não são desafios intransponíveis, mas oportunidades para criar sociedades mais resilientes e acolhedoras para todas as gerações.

PhD em epidemiologia pela Universidade de Oxford, Professor Kalache é fundador da Unidade de Epidemiologia do Envelhecimento da Universidade de Londres e criador do primeiro mestrado em Promoção da Saúde da Europa. Além disso, dirigiu o Departamento de Envelhecimento e Curso de Vida da Organização Mundial da Saúde (OMS). Nesse período concebeu e publicou, em 2002, o Marco Político do Envelhecimento Ativo e, posteriormente a iniciativa Cidades Amigas do Idoso em 2005.

OUTROS EXEMPLOS PARA O ENVELHECIMENTO SAÚDAVEL NA EUROPA

Na sequência, foram apresentados exemplos inspiradores destacando a visão de criar ambientes de apoio para todos, além de abordar a criação e implementação desses ambientes, tais como:

  1. “Capacitar Comunidades”: O País de Gales investe em parcerias para apoiar as pessoas idosas, com apresentação de Heléna Herklots, Comissária para as Pessoas Idosas.
  2. “Da Visão ao Impacto”: A Noruega construiu uma rede nacional de CCFA em menos de 5 anos, liderada por Anne-Berit Rafoss, Gestora de Projetos da Age-friendly Norway.
  3. “Avaliação do Impacto”: Espanha realiza pesquisa e análise dos resultados do programa AFCC Age-friendly Cities and Communities, apresentado por Sara Ulla Diez, Coordenadora de Estudos e Apoio Técnico.
  4. “Integração Vertical”: O Reino Unido, especificamente a Greater Manchester Combined Authority, reforça ambientes amigáveis para idosos, desde o nível local até o nacional, com a apresentação de Paul McGarry, Diretor Adjunto.

RESULTADOS DA CIMEIRA NA PALAVRA DO PROFESSOR ALEXANDRE KALACHE

Nesta entrevista exclusiva, o Médico e Professor ALEXANDRE KALACHE, fala sobre a importância da Conferência Regional da Organização Mundial da Saúde, OMS e destaca os resultados de seu bem sucedido projeto de criação das Cidades e Comunidades Amigas da Pessoa Idosa em 2005. Assista o vídeo.

Conheça o especialista e responsável pela realização da Conferência Regional para inovação da política sobre envelhecimento saudável da Organização Mundial da Saúde na região europeia, YONGJIE YON.

Em entrevista exclusiva concedida em 11.10.23, destacou os seguintes pontos-chave:

Portugal e Alemanha são fortes defensores da necessidade de estabelecer uma convenção relacionada com o envelhecimento. Muitos países reconhecem a importância da convenção idealizada;

O desafio reside na mobilização de vários grupos e associações para compreenderem as questões relevantes para a convenção;

Sublinhou a necessidade de mudar a conversa sobre o envelhecimento, tornando-a relevante para todas as gerações;

O sucesso da Conferência Regional mede-se pela aproximação das pessoas, pela promoção de contatos e pela facilitação de debates entre especialistas;

Reconheceu a importância da governação participativa e do envolvimento da sociedade civil na definição de políticas para o envelhecimento;

Salientou os esforços em curso nas Nações Unidas para desenvolver quadros para o envolvimento da sociedade civil, nomeadamente no contexto do envelhecimento;

DECLARAÇÃO DE LISBOA – DEFINE O COMBATE AO IDADISMO COMO PRIORIDADE ESTRATÉGICA

No encerramento do primeiro dia da relevante conferência, a Ex-Ministra da Saúde de Portugal, Sra. Maria de Belém Roseira, e a Sra. Natasha Azzopartdi Muscat, Diretora de Políticas e Sistemas da OMS, introduziram a aprovação da Declaração de Resultados de Lisboa como um documento técnico para promover o envelhecimento saudável na Região Europeia da OMS, criado após deliberações que aprofundaram as prioridades-chave delineadas na declaração, com o objetivo de implementação efetiva. Referida Declaração de Resultados foi assinada pelas presentes em um ato que encerrou com grandiosidade o evento.

A Declaração de Lisboa define cinco prioridades que podem contribuir para o envelhecimento saudável:

1. Medidas preventivas para o bem-estar físico, social e mental;

2. Criação de ambientes que tornem possível um maior envolvimento das pessoas nas comunidades ao longo do ciclo de vida, nomeadamente através de uma Era digital mais amiga da idade;

3. Acesso a cuidados de elevada qualidade, acessíveis e de suporte às pessoas idosas, aos seus familiares e cuidadores;

4. Implementação efetiva de políticas que alavanquem o potencial das pessoas mais velhas, nomeadamente combatendo o idadismo, a violência e o estigma;

5. A disponibilização de dados e evidência que possam habilitar ações em torno do envelhecimento saudável.

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