Ter o objetivo de viajar e fazer turismo estimula a pessoa a se organizar e otimizar o uso dos seus recursos para realizar estes objetivos. Isto significa sentir-se em movimento, em evolução, portanto, vivo! Viajar é promover o autocuidado!
Palavras da Doutora
Há um brilho de luz no olhar da médica psiquiatra e psicoterapeuta Elizabeth Zamerul quando ela ministra suas palestras em seu Programa “Inteligência Afetiva” no Youtube.
Especialista em dependência química e e codependência, a Dra. Elizabeth é Graduada em medicina pela Universidade de São Paulo, Pós-graduada em Psicodrama e Dependência Química pela Universidade Federal de São paulo e Mestra em Psiquiatria e Psicologia pela Universidade Federal de São Paulo.
Desde 1987 atua como psicoterapeuta e médica psiquiatra assistente em clínicas, hospitais e ambulatórios da rede pública estadual, municipal e privada como médica psiquiatra. E, desde 1990 atua no tratamento dos usuários e dos familiares, dirigindo equipes multidisciplinares.
Autora do livro Codependência – Juntos porém livres – Harmonizando Amor e Individualidade, Editora Rocco, ministra palestras em workshops desde 1992.
Na entrevista a seguir, concedida ao Canal Across Seven Seas, em São Paulo, a Doutora Elizabeth explica o quanto podemos nos preparar para o nosso envelhecimento, pelo simples exercício de Passear e Viajar. E, mais do que isso, informa e orienta a respeito dos ganhos derivados do mais gostoso tipo de lazer à disposição de todos: O Turismo.
Quais os benefícios que as viagens e o turismo podem oferecer ao nosso processo de envelhecimento? O que eu acho bem interessante no seu canal é que ao estimular pessoas maduras a viajarem, você está promovendo o autocuidado e este movimento acaba repercutindo indiretamente em outras áreas da vida, como no desejo de melhorar a aparência, de ter mais amigos, um novo companheiro, de refletir sobre o bom uso do próprio dinheiro, sobre a qualidade dos relacionamentos familiares, etc. É muito interessante, pertinente e importante este seu trabalho. Parabéns!
Como o turismo pode auxiliar na promoção de nossa saúde física? Estresse é um fator importante de aceleração do envelhecimento e de piora da saúde, enfraquecendo o sistema imunológico, endocrinológico e vários outros sistemas do corpo. Viagens, mesmo que bem curtas, de 1 ou 2 dias, promovem relaxamento, diminuem significativamente o estresse, portanto, promovem a saúde.
Uma pesquisa recente mostrou que pessoas se sentiram mais satisfeitas e felizes, mais saudáveis e com mais energia após as viagens.
As melhorias para a saúde ocorrem através de várias formas, como por exemplo, caminhadas, envolver-se em atividades prazerosas e interessantes. As consequências são: Diminuição do risco de ataque e outras doenças cardíacas, de diabetes e de câncer, melhora para quem tem pressão alta, menor risco de quedas e melhor função cognitiva.
Como as viagens podem nos ajudar do ponto de vista cerebral, cognitivo? Estimular o funcionamento do cérebro é fundamental para a saúde dele e para atrasar o seu processo de degeneração. Considerando-se que uma em cada 8 pessoas acima de 65 anos e 1 em cada 2 pessoas acima de 85 anos tem risco de ter Alzheimer, isto é muito importante. Estudos científicos têm mostrado que as atividades que envolvem uma viagem diminuem muito o risco de se ter uma demência, especialmente o Alzheimer.
Viagens desafiam e fortalecem o cérebro! Pelo envolvimento com o planejamento e a execução das viagens, o que implica em novos comportamentos, a adaptação a situações inesperadas, resolução de problemas, novos lugares, culturas, sabores e idiomas. Tudo isto pode ativar novas conexões e circuitos neurais. Viajar também estimula a curiosidade para explorar novas experiências e aumenta a vontade de aprender, de se desenvolver intelectualmente. Além disto, o cérebro é estimulado por atividades sociais.
Doutora, como o cérebro pode ser estimulado por atividades sociais? Olha só, quando uma pessoa viaja, especialmente se for sozinha, tende a promover mais relações sociais, o que também aumenta o prazer e ajuda a manter as conexões entre os neurônios, mais saudáveis. Há várias evidências científicas sobre as ligações sociais, afirmando que elas têm um papel importante na diminuição do estresse, na prevenção e no tratamento das doenças e um estudo atual mostrou que manter ou iniciar novos relacionamentos após os 60 anos traz benefícios à saúde mental.
Então, viagens podem auxiliar na ampliação da base de amigos e, se estiver disponível, pode despertar o desejo de investir na vida afetiva, que é outro fator importante de promoção de saúde.
E nossos relacionamentos familiares podem, de alguma forma, ser beneficiados: Muita! Porque, ao viajar, ele cuida mais de si mesmo, de seus interesses, preocupa menos a família, gera saudades na família… É bom que as pessoas sintam falta da gente, não é? E ao voltar de viagem, o Senior Viajante torna-se uma pessoa mais interessante para bater papos e trocar experiências, portanto, em vez de ser visto como o chato que só fala de recordações antigas, passa a ser admirado nos círculos familiares e sociais como alguém que está muito vivo, é protagonista da sua vida e tem muito a contribuir.
Desta forma, ele reforça os seus laços familiares entre gerações e uma outra boa consequência é que ele acaba sendo mais convidado para viagens intergeracionais, com seus filhos e netos.
Quanto à saúde emocional, como ela poderia ser aprimorada nas atividades do turismo: Viagem é uma boa oportunidade de gerar estímulos positivos como inspiração, diversão, interesse, surpresas agradáveis, empatia, solidariedade e várias emoções positivas, como entusiasmo, alegria, satisfação, gratificação, admiração, prazer, euforia, êxtase, serenidade, esperança, orgulho positivo de si mesmo, fé, devoção (viagens espirituais) e gratidão.
Por tudo isto, quando viajamos nossa autoestima, autoimagem e autoconfiança se fortalecem, nos deixando mais seguros para enfrentar dificuldades que possam surgir. Vale lembrar que as emoções positivas provocam liberação de neurotransmissores no cérebro como dopamina, serotonina, oxitocina, endorfinas, que, além de ser agradável e o oposto do estresse, contribuem para prevenir doenças, como depressão, ansiedade e problemas cardiovasculares, como vimos antes.
Doutora Elizabeth, agradecemos imensamente pelas valiosas informações transmitidas, as quais certamente serão de grande vaia à conscientização do público Senior, quanto às conquistas e vantagens à boa longevidade, advindas das atividades turísticas. E, para encerrarmos nossa entrevista, gostaria de deixar uma mensagem final? Pessoas que não tem planos na vida aceleram o envelhecimento e, portanto, a morte. Ter o objetivo de viajar e fazer turismo, nem que seja por poucos dias daqui a 6 meses, estimula a pessoa a refletir, se organizar, ganhar mais ou otimizar o uso dos seus recursos para realizar estes objetivos. Isto significa sentir-se em movimento, em evolução, portanto, vivo! Então, a minha sugestão é: Faça um desafio pra você mesmo, projete uma viagem ou um passeio e realize-o! Depois, vc conta pra nós como foi, tá?
Veja também o vídeo da entrevista: