O Empreendedorismo 50+ é um dos temas que mais me apaixona e sobre o qual tenho muito falado em minhas palestras. No início de minha fala faço questão de esclarecer a todos os presentes que ser empreendedor não se resume a constituir uma empresa. Há mais de dez tipos de empreendedorismo, a permitirem que nos identifiquemos com algum deles segundo o que, e como, realizamos os nossos ideiais de criação e produção. Em qualquer fase de nossas vidas podemos ser, sim, EMPREENDEDORES!
Cientes disso e uma vez inseridos no ecossistema empreendor, se optarmos pela criação de uma startup, por exemplo, é muito provável que precisaremos estudar os mecanismos e sistemas de investimentos e fundos a nós disponiveis, sejam eles públicos ou privados, para recorrermos a eles nos momentos apropriados. Este conhecimento é tão fundamental que para fomentar tal relacionamento profissional e empresarial o Rotary promove a seus membros conexões estratégicas e oportunidades de negócios.
Portanto, neste sentido é que participei de uma das ações (abertas a não membros) do evento promovido pelo Rotary. Vale informar que o Rotary é uma “rede global de líderes comunitários, amigos e vizinhos que veem um mundo onde as pessoas se unem e entram em ação para causar mudanças duradouras em si mesmas, nas suas comunidades e no mundo todo.” .
Estive presente no Rotary Means Business Fellowship, ocorrido aqui em Lisboa no último dia 12.11.22, sobre a qual apresentarei uma síntese na esperança que possa ser útil à você.
Evento Rotary Means Business Fellowship
O icônico evento realizado pelo Grupo Rotário Rotary Means Business Fellowship contou com a participação de grandes autoridades do país nas áreas da Economia, Investimentos e Empreendedorismo. Dr. Rui Ferreira (Presidente da Portugal Ventures); Professor Francisco Banha (Fundador da GesBanha e mentor dos Business Angels em Portugal) e sua Excelência o Eng. António Costa Silva (Ministro da Economia e do Mar) lá estiveram e brindaram os presententes com informações exclusivas e suas avaliações extremamente úteis àqueles inseridos no ecossistema empreendedor português.
Após a abertura Oficial e Protocolar, deu-se início à mesa redonda composta pelo Dr. Rui Ferreira e Dr. Francisco Banha, com o tema “Empreendedorismo e Capital de Risco”, moderada pelo Sr. António Ribeiro, Presidente do Rotary Club de Oeiras.
A atividade empreendedora é uma “causa cívica”.
Para discorrer sobre o tema, Dr. Francisco Banha apontou o resultado do mapeamento feito pela Startup Portugal para mapeamento do ecossistema nacional. Foram registrados 1.509 fundadores oriundos de 47 instituições de ensino superior em Portugal, de um total de 433.212 alunos matriculados em mais de 120 instituições de ensino superior, em 2022. Apenas 0,34%
“O tema do empreendedorismo continua a ser encarado na sociedade portuguesa como algo misterioso. Prognóstico presente na europa no seu todo. Está sempre associado a alguma genialidade.” Francisco Banha
Citou o Senhor Ministro da Economia e do Mar ao reproduzir uma de suas afirmações:
“Infelizmente vivemos em um país que por motivos ideológicos hostilizam as empresas e os empresários. Muitas vezes tratam o lucro como um pecado.” Francisco Banha citando Dr. António Costa Silva.
A atividade empreendedora é uma “causa cívica”.
“A caridade é importante. Mas só pode ser de alguma forma transmitida à sociedade se houver quem se predisponha a fazê-la.” Francisco Banha.
A Portugal Ventures busca a heterogenidade quando procura talentos, inclusive quanto às faixas etárias dos empreendedores.
Após a manifestação apaixonada e veemente do Dr. Francisco Banha, Dr. Rui Ferreira, ressaltou:
Nós nos conhecemos em 2001, não esqueco disso. De fato era a única pessoa em Portugal que falava em empreendedorismo com este entusiasmo que vocês ouviram. Foi uma pessoa que eu sempre acompanhei, sempre tentei me inspirar nele, e acho que devo muito pelo fato de estar aqui hoje. Obrigada Francisco.”
O Presidente da Portugal Ventures brilhantemente deixou claro que no processo de identificação de talentos, a mistura ideal é também identificar empreendedores de diferentes gerações, incluindo os empreendedores com mais idade.
De fato buscamos a heterogenidade quando procuramos talentos que possam nos levar ao sucesso em conjunto. Uma espécie de “win win”. Nós entramos com o capital, desenvolvemos o negócio em conjunto e sempre liderados pelos fundadores. A métrica maior é sair com o sucesso. Mas o insucesso faz parte deste paradigma. Ou saimos com sucesso e partilhamos com os fundadores; ou ficamos em casa; ou perdemos o dinheiro todo que investimos. Por isso é que somos capital de risco. O que tentamos fazer deste “negócio de pessoas para pessoas” e tentar de fato ter algma capacidade de antecipação e minimizar aqueles casos em que vamos ter essa perda e reconhecer aqueles em que teremos maior ganho para compensar tal perda.O negócio do capital de risco é um fato de equilíbrio de pessoas para pessoas” Rui Ferreira
Dr. Rui Ferreira resumiu alguns “segredos” da atividade, informou:
“O capital de risco é uma atividade de pessoas para pessoas. Devemos levantar fundos junto às entidades para investir em “pessoas” – talentos capazes e resilientes.”
Outro segredo, segundo ele, é “que a “saída” do negócio seja bem feita.”
“Desinvestir com sucesso significa que cumpriu a missão.” O insucesso desta relação ocorre em razão do desalinhamento entre o empreendedor e o “capital de risco”. O segredo está no equilíbrio que se deve fazer na procura de talentos.
O investidor de risco é quem provém capital para empresas que apresentem alto potencial de crescimento, e faz isso em troca de lucros que sejam equiparados ao risco corrido com a operação. A maioria do capital de risco vem de empresas deste segmento, cujo ramo de atuação consiste em colher investimento de diversas fontes e aplicar esse capital em empresas que ofereçam retorno rápido e lucrativo. Normalmente investem em empresas que estão começando suas atividades — as chamadas startups.
Fatores que prejudicam o empreendedor na busca de um investimento
Francisco Banha, empresário bem-sucedido há 36 anos, disse que quer identificar “novos Banhas” e aportar conhecimento a eles e assim ajudá-los a arrancarem com seus projetos.
Divulgou que 2/3 dos projetos inscritos em um processo para angariação de investimentos são eliminados nos primeiros 5 minutos de avaliação. Apenas 1/5 ou 1/3 destes seguem para as primeiras conversas.
As razões das eliminações se concentram em:
1. 36% apresentam produto ou serviço que ninguém quer;
2. A equipe é ruim;
3. O plano de marketing e vendas é insatisfatório;
4. Procuram investidores e não clientes, ou
5. Querem só participar de processos competitivos entre startups (papa prêmios)
Instruiu que empreendedores devem procurar Business Angels alinhados ao foco de seus negócios.
Para ilustrar sobre a urgente necessidade de se promover o ensino do empreendedorismo na educação, de forma não opcional, o Presidente do Grupo GesBanha asseverou:
“O empreendedorismo é tratado na disciplina da cidadania. Como ela é implementada na escola? Através de 17 domínios. Há domínios obrigatórios e opcionais O Empreendedorismo é opcional.”
Na investigação que realizou para a sua tese de doutoramento, Dr. Banha constatou que foram realizadas 3.027 ações de formação em 2017/2018, entre elas apenas 13 ações relacionadas ao empreendedorismo, a significar apenas 0,43% da totalidade. Sendo que apenas 0,26% dos 71.823 professores atuantes participaram destas 13 ações relativas ao empreendedorismo (185 professores).
Demonstrou, portanto, o quanto se faz necessária a adoção de medidas destinadas à educação para o empreendedorismo, enquanto competência essencial para o seu desenvolvimento pessoal, para a cidadania ativa, a inclusão social, a empregabilidade e o estado de espírito para transformar ideias criativas em ações empreendedoras, com ou sem fins comerciais.
O Ministro da Economia e do Mar, Engenheiro António Costa e Silva tratou de relatar a situação do país e muito mais.
Na segunda parte do evento, discorreu de forma ampla e detalhada sobre a situação atual da economia portuguesa e sobre o enquadramento dos fundos comunitários relacionados ao Portugal 2030 no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência.
O acordo Portugal 2030 trata da parceria estabelecida entre Portugal e a Comissão Europeia que inclui objetivos estratégicos a serem atingidos no período de 2021 e 2027, no montante global de 23 bilhões de euros.
Leia também: https://www.acrosssevenseas.com/web-summit-2022-a-maior-fonte-de-conhecimento-em-tecnologia-e-inovacao/