Lisboa sempre teve um pé na modernidade, mas durante a Web Summit 2025 a cidade pareceu dar um salto direto para 2035.
Em cada esquina, uma conversa sobre IA; em cada palco, uma visão ousada; e no meio da multidão de inovadores, líderes globais e sonhadores incansáveis… eu. Sim, participei intensamente desta edição, e posso dizer com convicção: poucas experiências conseguem condensar tanta criatividade, tecnologia e transformação em tão poucos dias. Compartilho aqui alguns dos highlights deste grande evento.
TikTok: cultura, negócios e… luvas lisboetas virais
No dia anterior, Khartoon Weiss, responsável global pelo TikTok for Business, deu uma das falas mais comentadas do evento. Ela defendeu que o TikTok é mais do que uma rede social – é um motor cultural.
A história que ela contou arrancou risos e reflexões: um artesão lisboeta teve suas luvas de couro esgotadas depois de um vídeo viral. Uma prova viva de como a atenção digital pode redefinir economias locais e transformar desconhecidos em fenômenos globais.

Joseph Gordon-Levitt. Imagem: Silvia Triboni
Painel especial: Joseph Gordon-Levitt e a criatividade na era da IA
E, claro, não posso deixar de mencionar um dos momentos mais aguardados: o painel com o ator Joseph Gordon-Levitt. Conhecido não apenas por seus filmes, mas também por seus projetos ligados à colaboração criativa online, ele trouxe uma perspectiva inspiradora sobre como a IA pode ampliar – e não substituir – a imaginação humana.
Sua visão sobre comunidades criativas, autoria e expressão artística num mundo digital hiperacelerado foi uma das conversas que mais me marcou em todo o evento.
Granter: a startup campeã que fez o público vibrar
Se havia um momento capaz de resumir a energia deste Web Summit, foi o anúncio da grande vencedora do concurso de startups. A portuguesa Granter não apenas impressionou o júri – ela conquistou o público de forma monumental, arrebatando 80% dos votos dos participantes presentes no MEO Arena.
Eu testemunhei o entusiasmo naquele instante. Era impossível não se contagiar.
A Granter apresentou uma solução que parece saída do futuro: uma ferramenta de inteligência artificial capaz de identificar oportunidades de financiamento europeu e conduzir empresas pela jornada completa de candidatura. Em um ecossistema cada vez mais competitivo, a promessa de destravar recursos com eficiência quase automática foi o suficiente para deixá-la no topo da lista – e que lista! Eram 105 startups selecionadas para o palco principal, vindas de todo o mundo.
Na final, a Granter deixou para trás concorrentes de peso, como a nigeriana VasityScapes, especialista em lançar plataformas de ensino em menos de uma hora, e a britânica SegmentStream, que usa IA para maximizar receitas em mídia paga. Uma disputa acirrada, mas a inovação portuguesa brilhou.

Ssir Tim Berners-Lee em destaque. Imagem: Silvia Triboni
Tim Berners-Lee e o futuro de uma internet que já não reconhecemos
Um dos momentos mais impactantes foi a intervenção do próprio Tim Berners-Lee, o ‘pai’ da web. Estar presente ali, ouvindo-o falar sobre os riscos de uma internet cada vez mais moldada por agentes digitais e sistemas generativos, foi como assistir a um alerta vindo direto da origem do nosso mundo digital.
Ele não trouxe apenas preocupações; trouxe um convite: repensar o que queremos da internet antes que ela decida por nós.
Gigantes da era digital no palco: OnlyFans, Pinterest, Twitter
Outro ponto alto que presenciei foi a participação de nomes que, literalmente, moldaram a cultura contemporânea.
- Keily Blair, CEO da OnlyFans, trouxe insights poderosos sobre economia criativa e segurança digital.
- Evan Sharp e Biz Stone, cofundadores do Pinterest e do Twitter, respectivamente, discutiram como plataformas podem (ou deveriam) evoluir para fortalecer comunidades, não apenas engajamentos vazios.
É fascinante ver como cada um deles reconhece que vivemos uma era de reconstrução digital – e como estão dispostos a participar desse redesenho.

Startups portuguesas rumo a 2030
Também acompanhei o debate sobre o futuro da inovação em Portugal, com representantes da Startup Portugal, Unicorn Factory Lisboa e AICEP. A conversa girou em torno de um desafio ambicioso: posicionar o país entre os polos tecnológicos mais relevantes do mundo até 2030. O mais interessante foi perceber o alinhamento entre governo, organizações e investidores – algo que, se mantido, tem poder real de transformar o panorama econômico.
Saúde 2.0: quando a IA vira um sistema operativo do corpo humano
O palco Health Summit foi um dos mais concorridos, e eu entendi por quê. Tony Fadell (criador do iPod) e Andrew Lacy, da Prenuvo, levaram o público a imaginar um futuro onde exames completos, diagnósticos personalizados e monitoramento contínuo são coordenados por uma IA que entende o corpo humano como um sistema operativo.
A ideia parece ousada, mas depois de ouvi-los, a pergunta deixou de ser “se” e passou a ser “quando”.

Imagem: Silvia Triboni
Mais Um Web Summit para recordar – e para transformar
Participar da Web Summit Lisboa 2025 foi mais do que acompanhar talks e visitar stands. Foi perceber, ao vivo, que o futuro está sendo desenhado agora – e que há espaço para todos que têm coragem de inovar.
Ao final de mais um Web Summit, resta a sensação de que vivi uma pequena prévia do mundo que ainda vamos construir. E, depois de ver de perto mentes tão brilhantes e projetos tão promissores, fica claro: o amanhã chegou. E vale a pena estar atento.
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