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Minha oitava participação no corpo de mídia do Web Summit Lisboa 2025 foi, sem dúvida, a mais eletrizante. Em sua décima edição na capital portuguesa, este evento se reafirmou não apenas como uma conferência de tecnologia, mas como um termômetro das grandes transformações que moldam nosso mundo.

Tive o privilégio de estar na linha de frente, testemunhando a visão de líderes e inovadores, e colhendo informações que vão muito além dos códigos e algoritmos.

WEB SUMMIT LISBOA 2025: O PIX BRASILEIRO DESAFIA MONOPÓLIOS E A CHINA RECONFIGURA O FUTURO DA INOVAÇÃO

A Abertura Impactante e a Visão de Paddy Cosgrave

A cerimônia de abertura, conduzida pelo carismático fundador e CEO Paddy Cosgrave, foi um verdadeiro manifesto sobre a nova ordem mundial da inovação.

Cosgrave não poupou palavras ao declarar que o mundo está mudando em uma velocidade sem precedentes, e que o domínio tecnológico não é mais uma exclusividade do Ocidente. Ele deu um exemplo que me tocou profundamente como brasileira: a ascensão do PIX.

“Esse sistema não foi criado por uma big tech americana ou um banco europeu, mas pelo Brasil e é totalmente gratuito. É tão revolucionário que se tornou o alvo do presidente Trump nas semanas recentes”, afirmou Cosgrave.

Ele ponderou sobre o impacto do PIX se ele se espalhar pelo Sul Global e além, questionando: “Como podemos competir com pagamentos ou transações online gratuitos?”. Essa fala sublinhou a virada de jogo, onde inovações vêm de fontes inesperadas e desafiam os monopólios existentes.

Cosgrave ampliou essa perspectiva, citando os avanços imparáveis dos sistemas de IA e robôs chineses, o aumento expressivo de startups polonesas no evento (em contraste com a Alemanha, que viu um declínio pela primeira vez), e o protagonismo crescente de regiões como Catar, Índia, Oriente Médio e Ásia Central.

Em suas palavras: “Acho que nunca vivemos em um momento tão animador”.

A Grandeza em Números e Histórias de Sucesso

Os números do Web Summit 2025 são impressionantes e refletem sua estatura global:

  • Participação Maciça: 71.386 participantes de 157 países.
  • Investimento Recorde: 1.857 investidores de 86 países, um aumento de 74% em relação ao ano anterior, marcando o maior número de participantes de todos os tempos.
  • Startups em Destaque: 2.725 startups de 108 países, com IA e aprendizado de máquina liderando os setores. Destaco um dado crucial para mim: 40% dessas startups foram fundadas por mulheres, um reflexo dos esforços do evento em promover a visibilidade feminina na tecnologia.
  • Financiamento Pós-Evento: Quase 200 startups do programa de 2024 garantiram US$ 715,5 milhões em investimentos após a conferência.
  • Vozes Inspiradoras: 869 palestrantes, incluindo nomes como Khaby Lame, Anton Osika (Revolut) e Maria Sharapova, compartilharam suas visões.
  • Presença de Mídia e Governo: 1.519 jornalistas de veículos renomados globais (incluindo o Valor Econômico e Globo do Brasil) e 268 delegações governamentais de 82 países, como Brasil, EUA, China, Japão e muito mais, atestam a relevância do evento.

Cosgrave relembrou a jornada da Revolut, que de uma pequena startup com três pessoas no Web Summit há 10 anos se tornou a empresa privada de tecnologia mais valiosa da Europa. “Não tenho dúvidas de que há outra Revolut na Web Summit, talvez várias. Duas ou três pessoas com um pequeno estande e uma grande ideia”, provocou ele, incentivando a exploração das mais de 2.500 startups que expunham.

WEB SUMMIT LISBOA 2025: O PIX BRASILEIRO DESAFIA MONOPÓLIOS E A CHINA RECONFIGURA O FUTURO DA INOVAÇÃO

O Fenômeno China Summit e o Futuro do Web Summit

Uma das grandes novidades desta edição foi a estreia do China Summit, uma sessão inteiramente dedicada à inovação chinesa.

Este fórum esteve constantemente lotado, com grande interesse em compreender este mercado em ascensão. Contou com a presença de autoridades chinesas como Jianchao Wang, da Administração do Ciberespaço, e Guangyao Zhu, do Ministério do Comércio, além de diversos oradores europeus e chineses com forte conhecimento sobre o país. O sucesso foi tanto que a organização já considera repetir a iniciativa nas próximas edições.

A China, aliás, foi um tema recorrente.

Paddy Cosgrave, que não fala chinês, deixou claro seus planos de aportar no país dentro de duas edições, para 2027.

“É impossível negar os feitos da China, não apenas na última década, mas até no último ano”, disse ele.

A presença dominante de modelos de IA chineses nos rankings globais de LLMs (Large Language Models) e a “incrível transformação da China” que ele testemunhou em suas viagens corroboram essa visão.

Como Cosgrave resumiu brilhantemente: “A China não copia mais o futuro. Ela o fabrica.”

O China Summit e seus palcos adjacentes, sempre com filas, foram a prova viva desse interesse e da mudança de paradigma.

A Imprensa como Força Vital da Democracia

Em uma das coletivas, Cosgrave foi questionado sobre as relações entre Washington e Pequim, mas preferiu aliviar a tensão, afirmando que “Trump e Xi Jinping ‘são melhores amigos’ no momento, mas que tudo isso ‘pode mudar no prazo de três horas no X'”.

No encerramento da conferência de imprensa, Paddy foi questionado sobre a escolha da camiseta “Press” (Imprensa) para o evento, usada por ele como um gesto simbólico e poderoso. Cosgrave confidenciou sua crença de que a imprensa é “a força vital da democracia” e que, agora mais do que nunca, “os jornalistas devem ser protegidos não só nos cenários de guerra, como dos monopólios da internet.”

Para mim, Silvia Triboni, que há anos acompanho de perto a intersecção entre tecnologia, inovação e sociedade, essa declaração ressoa como um chamado.

WEB SUMMIT LISBOA 2025: O PIX BRASILEIRO DESAFIA MONOPÓLIOS E A CHINA RECONFIGURA O FUTURO DA INOVAÇÃO

Participar e escrever sobre o Web Summit Lisboa 2025 é mais do que relatar avanços tecnológicos; é sobre entender as novas dinâmicas de poder, a ascensão de novas vozes e o papel da informação livre em um mundo em constante ebulição.

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